sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Autora Entrevistada: ADRIANA IGREJAS





Adriana Igrejas
Nasceu no Rio de Janeiro. Começou a escrever aos dez anos de idade, quando já pensava em ser escritora. É apaixonada por línguas, literatura, música, filmes, série, e artes marciais. É professora de Português/Literatura e inglês, formada pela UFRJ. Teve seus primeiros textos publicados através de concursos literários e é autora de um romance e um livro de contos. 
Foi ganhadora do prêmio Baixada na categoria Literatura - Romance em 2014. Mais recentemente, integra mais quatro antologias de contos e duas delas em Portugal. Ocupa a cadeira 24 da academia de Letras e Artes de Mesquita. É casada e tem dois filhos.

ENTREVISTA

1. Como foi o seu início nesse universo literário? Após este ponto de partida, quais foram as dificuldades e colaborações que você teve para publicar seu primeiro livro (Exclusiva autoria)?
Eu comecei participando de concursos literários e tendo meus textos selecionados para serem publicados em antologias. O primeiro deles foi pela ABL, o que me motivou bastante e me incentivou a publicar um livro só meu. Minha irmã trabalhava no IPPUR - UFRJ e me indicou uma editora, a Letra Capital, que editava os livros da universidade. Eles fizeram uma boa proposta e assim publiquei meu primeiro romance, "A fórmula da vida". A partir daí vieram as dificuldades de um autor praticamente independente, para distribuir, divulgar e vender os livros. Só então comecei a ouvir falar de uma porção de editoras e escritores. Eu não conhecia nada desse universo e levei um tempo para entender, nem conhecia os blogs de livros, nem sabia como usar as redes sociais para divulgação. Foi um longo e difícil aprendizado, que me fez ver que escrever o livro é só o pontapé inicial. Agora já consigo lidar melhor com tudo isso, embora eu ainda tenha muitas limitações.

2. Como surgiu a ideia de criar a história de Lucinda e como foi o processo de elaboração desse livro chamado "A babá gótica"?
Este livro teve um processo criativo meio louco... Eu estava andando em frente a um cemitério quando me veio à mente "A babá gótica". Isso mesmo, o título veio à minha mente de forma instantânea. Daí eu pensei: "isso dá um conto". Chegando em casa, anotei o nome em uma agenda que tenho para arquivar minhas ideias e lá deixei. Sempre que ando nas ruas estou devaneando. A partir daí, passei a devanear com o título pensando em por que ela seria gótica, porque babá... E pimba! A resposta veio como a solução para tudo, toda a ideia veio de uma vez e não posso contar aqui, pois como o livro é de mistério, estaria dando spoiler. Então, foi só desenvolver a narrativa, os diálogos, os personagens...

3. Vários elementos, fatores, situações, entre inúmeras coisas, podem nos servir de inspiração nesta vida. Com base nesta afirmação, existe algo que te inspira a criar histórias e passá-las para o papel de forma tão limpa, inteligente e inovadora?
Primeiramente, gostaria de agradecer pelo "forma limpa, inteligente e inovadora". É muito lisonjeiro. Bem, a vida me inspira. Eu observo o comportamento das pessoas, eu presto atenção aos diálogos das pessoas, a maneira como elas agem e falam na vida real. E também uso os elementos primordiais de uma narrativa. Sempre tem de haver um belo conflito. Então transponho tudo isso para minhas histórias. Para mim um diálogo só tem que estar lá no livro se ele for essencial ou ao menos divertido, emocionante. Caso contrário, prefiro usar o discurso indireto e resumir aquilo. Eu interpreto meus diálogos em voz alta para ver se soam naturais... Será alguém como aquela pessoa diria aquelas palavras naquela situação? Só peco na hora em que não uso palavrões, ou raramente uso. Sei que em muitos momentos as pessoas diriam o palavrão, mas evito e coloco outra forma de praguejar, por razões pessoais, não gosto de palavrões. Só em A fórmula da vida que usei três, porque julguei que naquele momento, aquele personagem não poderia dizer nada diferente. "A babá gótica" é um livro mais light que "A fórmula da vida", para poder ser lido por um público mais jovem também, então tudo é moderado. Enfim, modelo a história com uma boa narrativa e bons diálogos.

4. Por gentileza, você poderia nos informar todas as suas obras publicadas?
Claro. Abaixo estão todas as publicações de que participei como autora. A maioria é de antologias, ou seja, sou autora de um conto apenas em cada livro. Os livros que assino sozinha são: A fórmula da vida (A escolha de Catarina) e A babá gótica - romances; Um apartamento com vista para o mar e outras histórias - contos.
- Devemos ver com os olhos livres (coletânea dos 100 trabalhos premiados no Concurso de Redação para Professores) – Academia Brasileira de Letras e Folha Dirigida)
Autoria de um dos textos da coletânea.
- Servidor das Letras – Poesia e Conto (14º Concurso Literário do Servidor Público do Estado do Rio de Janeiro- publicação de vintes seis trabalhos entre duas categorias: poesia e conto)
Autoria do conto A parte perfeita.
- Rio de Janeiro, Palavra Maravilhosa (Concurso Literário da Litteris Editora, com lançamento na XV Bienal Internacional do Livro, Rio de Janeiro - 2011)
Autoria do conto A cara do Rio de Janeiro.
- A fórmula da vida – romance, 432 p. (lançamento em novembro de 2011) Editora Letra Capital
Autoria.
- Um apartamento com vista para o mar e outras histórias – livro de contos e crônicas, 103 p. (lançamento em março de 2014)
Autoria.
- Eu, você e o Natal – antologia de contos (Editora Iluminare, gratuito no Wattpad, dezembro de 2014). Autoria do conto Desembrulhando no Natal.
- Mentira – antologia portuguesa de contos selecionados através de concurso (Editora Papel d´Arroz, Lisboa, janeiro de 2015). Autoria do conto A culpa é das mentiras.
- Receitas Secretas – antologia portuguesa de contos selecionados através de concurso (Pastelaria Studio Editora, Lisboa, fevereiro de 2015). Autoria do conto Queijadinha de assadeira.
- Encontros e desencontros – contos (livro resultante de concurso literário da Editora Igmo – 2014) Autoria do conto A mulher do chapéu amarelo.
- Eu, você e o amor – antologia de contos (Editora Iluminare, junho de 2015). Autoria do conto De verdade.
- A babá gótica – romance – 350 p. (Evolução Publicações, lançamento em julho de 2015) Autoria.

5. Além dos seus exclusivos livros publicados e das publicações em conjunto com outros autores, o que podemos esperar de Adriana Igrejas em 2016? Novas obras suas estão por vir?
Ainda não sei. Minha atual editora, com a qual assinei "A babá gótica", está analisando dois livros meus para publicação: um romance infantojuvenil e a reedição de A fórmula da vida. Estou trabalhando em um novo romance jovem-adulto, mas que ainda vai me tomar algum tempo para concluir. Bem, sendo otimista, quem sabe os três publicados ainda em 2016 pela Evolução Publicações? Eu estou na torcida! Torçam comigo!

6. ALGUMAS editoras renomadas estão apostando em obras nacionais com mais força, em comparação há três, quatro anos atrás. O que você tem a nos falar sobre isso? Você acha que os leiteiros brasileiros estão começando a valorizar a literatura nacional com mais intensidade ou existe outro campo nesta jogada, que nós desconhecemos, por exemplo: questão financeira (Menor custo para publicar um nacional em comparação há um livro estrangeiro.)?
Acho que ambos os fatores devem ser levados em conta. Não que os leitores estejam "valorizando", acho que está mais para "redescobrindo" a nossa literatura. Para que isso continue e melhore, é preciso que se encantem com nossos livros. Basta ler um livro excelente que seja nacional para o leitor perder o preconceito. Mas o inverso também ocorre, daí a grande responsabilidade dos escritores brasileiros. Não podemos errar! Não podemos ser bons! Temos que ser ÓTIMOS! Acho que há ainda outro fator: o fácil acesso aos autores nacionais. É muito mais fácil para uma editora promover um evento com um autor nacional que trazer um de fora para autografar numa Bienal, por exemplo...

7. Qual o seu maior sonho e sua maior gratidão?
Meu maior sonho é ter meu trabalho de escritora largamente reconhecido. Notem que não disse ser famosa nem viver de literatura. Amo dar aulas e não ligo se tiver que conciliar minhas duas carreiras até o fim da vida. Não tenho pretensão de ser famosa, porque isso não significa que eu seja boa... Infelizmente a gente sabe que ser famoso não significa ter uma literatura de qualidade. Então o que seria ser "largamente reconhecida"? É saber que não decepciona os leitores, que falam bem do seu livro sob vários aspectos (esses dois já acontecem) e não ser subestimada. Este último é o que me falta para realizar o sonho. Ser subestimada é quando a pessoa nem leu seu livro e já o julga pela capa, pela sinopse, pelo título e até pela cara da autora, decidindo não lê-lo. Sendo reconhecida como boa escritora, acredito que isso diminua consideravelmente... Tipo assim: a capa pode ser assim, assado, poxa, mas foi Adriana Igrejas quem escreveu... Prestígio, sabe?

Minha maior gratidão no âmbito pessoal é por minha família: esposo e filhos. No âmbito profissional, por atualmente ser uma professora muito respeitada na escola onde dou aulas há 14 anos e como escritora, por ter assinado o contrato com a Evolução Publicações, deixando de ser uma autora independente e tendo a ajuda que eu precisava para ter meu trabalho mais divulgado.

8. Você consegue lembrar do livro que te trouxe a magia do amor pela leitura? Se sim, compartilhe conosco a experiência.
Sim. Foi "A garota rebelde" de Emmy Von Rhoden, que li ainda criança. Como eu tinha poucos livros (foi antes de eu descobrir a biblioteca da escola) li umas dez vezes.

9. Quais os seus autores referenciais ou que te inspiram na profissão de escritora, de alguma forma?
Meu estilo é uma mistura de tudo que admiro nos melhores: Machado de Assis, José de Alencar e Luis Fernando Veríssimo. Do Machado, tirei aquela preocupação em fugir do lugar comum. Escrever as coisas de modo diferente do usual. Do Alencar, o gosto por histórias mirabolantes e enredos românticos. Do Veríssimo, a modernização da linguagem sem a perda da qualidade e riqueza vocabular.

10. Por fim, qual dica ou conselho você deixa para quem deseja iniciar uma carreira como escritor?
Bem, gostaria de dizer que há vários motivos para uma pessoa querer escrever um livro: você pode ter uma história para contar e só uma história; querer publicar um trabalho acadêmico, contar uma experiência de vida para ajudar a outras pessoas a passarem pelo que você passou, passar uma mensagem etc. Só que em nenhum dos casos, você será um escritor. Ser escritor não é publicar um livro, muita gente pode ter motivos para publicar um livro e são válidos, menos querer ser famoso! Para isso, há outras carreiras mais fáceis! Escritor no Brasil não fica famoso do jeito que querem... Ser escritor é querer escrever sempre, gostar de escrever e precisar escrever para preencher algo em sua alma. Se é isso que te move, mãos ao teclado! Ou se você é das antigas, ao lápis, à máquina de escrever... Enfim. Escreva. Mas revise o que escreveu, estude gramática. Sim, você tem que saber gramática! Jogador de futebol pode jogar sem saber as regras do jogo? Então como um escritor pode querer escrever sem saber as regras? Infelizmente, tem muito autor transferindo essa responsabilidade ao revisor. Só que, o revisor vai corrigir os erros gramaticais e acentuar, pontuar... e nem todos os revisores mexem na pontuação... Ele não vai mudar seu léxico, não vai dar coerência a sua história se ela não tiver, ou seja, um livro ruim perfeitamente corrigido ainda será um livro ruim. E para que o seu livro seja bom, só você, escritor, pode fazê-lo. A gramática vai ajudá-lo a criar frases melhores, estruturas coerentes. Estudar técnicas narrativas vão ajudá-lo a ter um texto mais limpo, dinâmico e gostoso de ler.
E não para por aí. Após ter certeza de que seu texto está ótimo, aí começa a briga para conseguir uma editora para publicar. É importante procurar uma editora que publique o gênero de livro que você escreve e ter paciência. Há dois caminhos: as editoras financiadoras, aí você terá que ter muita paciência, pois elas demoram muito para dar uma resposta; e as editoras que apenas publicam o livro ou a autopublicação e você se torna autor independente. Ambas têm vantagens e desvantagens. Esta última proporciona ao autor entrar mais rapidamente no mercado editorial. Cada autor deve avaliar e decidir qual o melhor caminho a seguir. Bem, tem muito mais coisa. Há vídeos ótimos no Youtube de outros escritores que ensinam o passo a passo de ambos os caminhos, como por exemplo a Lycia Barros. Bem, desejo também uma boa dose de sorte, que sempre ajuda e tenha em mente que, se você é bom, se é para ser, será. O que é seu virá a seu tempo.
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Ótimas dicas. Estou muito contente por ter nos retornado com essas importantes respostas. Você é uma escritora de mão cheia e tenho certeza que alcançará o grau de reconhecimento do seu trabalho. Adriana, deixo esse último espaço para você nos deixar qualquer recado. A palavra é toda sua, Adriana.
Quero deixar aqui meus agradecimentos ao Blog Corujando nos Livros e a todos os seus seguidores. Sou muito grata a todos os blogueiros amigos, que acompanham a nós escritores e nos ajudam em nossa caminhada. Vocês são de muito valor e muito queridos!
Quero também registrar meus agradecimentos a todos os leitores atuais e futuros, porque é para vocês que escrevemos. Aos leitores também quero agradecer o carinho que tenho recebido. Os recadinhos no face me fazem muito feliz. Toda vez que um leitor me diz o quanto gostou de um livro meu, que ficou a noite toda acordado lendo, que vibrou com a Catarina, com a Lucinda, que se apaixonou pelo cupido do meu conto etc algo se derrete em meu coração. Eu me enterneço e ganho forças para continuar escrevendo. Com todas as dificuldades, é esse carinho de leitores e blogueiros que nos faz continuar e querer escrever mais. É para vocês que escrevo!
E por fim, gostaria de agradecer aos colegas escritores, revisores, profissionais do livro, com quem tenho aprendido tanto e podido dividir as experiências. É muito motivador fazer parte dessa geração da literatura nacional.
A todos vocês, OBRIGADA!
Por fim, convido a todos que ainda não me leram a fazê-lo. Que tal começar por degustações? Sei que muita gente tem medo de comprar um livro sem conhecer a escrita da autora. Então, deixo para vocês as dicas de degustação: no meu Wattpad, você pode ler parte de Um apartamento com vista para o mar e outras histórias e os quatro primeiros capítulos de A fórmula da vida - A escolha de Catarina. No site da editora Evolução Publicações( http://www.evolucaopublicacoes.com.br/#!a-bab--g-tica/mmygs), você pode baixar e ler o primeiro capítulo de A babá gótica. Bem, fica o convite. Um grande abraço e beijinhos!

http://corujandonoslivros.blogspot.com.br/2016/01/resenha-baba-gotica-adriana-igrejas.htmlConfiram o que eu achei sobre A babá gótica aqui no blog. Clique no link abaixo e você será direcionado para a minha resenha deste livro.
corujandonoslivros.blogspot.com.br/resenha-baba-gotica


 

Um comentário:

  1. Muito boa entrevista, palavras sempre bem colocadas e pensamentos que nos levam a valorizar cada vez mais nossa literatura nacional nos dias atuais.

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