sábado, 19 de setembro de 2015

Entrevistando: RENATA DIAS


Renata Dias
Autora do livro "O quarto do Sonho"

De leitora apaixonada por fantasia e ficção a escritora... Tipicamente taurina, nascida em salvador em 20 de maio de 1978, é casada, empresária da área de eventos e vive na incessante busca por felicidade.
Fascinada pela madrugada, atualmente se divide entre o frisson da badalada vida de DJ, profissão que exerce desde 2007, e a necessidade de introspecção para se entregar ao desenvolvimento de seus romances.
Gosta da multidão e da solidão, de barulho e de silêncio. O quarto do Sonho é o primeiro de uma série em que outros dois livros já estão escritos.

ENTREVISTA:

1. Como foi o início de Renata Dias na literatura?

Lento porque eu não sabia por onde começar. Quer dizer, lento pra mim que sou ansiosa... Levei dois anos entre escrever e publicar meu 1º romance. Na época entrei em contato com alguns autores não tão famosos para pedir dicas porque imaginei que assim seria mais fácil encontrar alguém disposto a colaborar, nunca recebi retorno e esse é um dos principais motivos de eu não me negar a dar informações para aspirantes a escritores. Não vejo esse mercado como uma concorrência e acho sem sentido não incentivar quem tem o sonho de publicar sua obra. No universo literário, quanto mais bons autores, mais leitores estimulados a ler cada vez mais. Pesquisando no meu parceiro de todas as horas, o google, comecei a entender o processo inteiro desde a importância do registro na Biblioteca Nacional à necessidade de pesquisar editoras que sigam o seu estilo de escrita e que tenham o interesse de apostar em novos autores.  Em alguns momentos é bem frustrante, mas o segredo está em não deixar a peteca cair, persistir e acreditar que tudo na vida tem a hora certa de acontecer. Já vou lançar o 2º livro da trilogia Entre quatro paredes e já assinei a publicação do 3º também!!

2. Como surgiu a ideia inicial para a criação dessa série? 

Eu escrevia contos há mais de quinze anos e desde criança fui uma leitora voraz. O detalhe é que geralmente após ler os livros, eu me pegava “reescrevendo” na minha cabeça os conteúdos de alguns deles. Sempre pensava que se fosse escrito de outra forma ficaria mais interessante, mas não compartilhava isso com ninguém, afinal de contas eram apenas devaneios criativos e eu não sou nem perto de uma crítica literária... Gostar ou não tudo bem, mas tenho aversão de quem acha que pode julgar uma obra de ficção. Aí um dia, depois de ler a trilogia “50 tons” caí na real que realmente existia um nicho de mercado e em menos de três meses havia nascido “O quarto do sonho”. Enquanto o escrevia, já no 3º capítulo já havia deixado o gancho para a continuação com foco na Lara e então me convenci que não havia um limite para minha imaginação. Hoje, após finalizada a trilogia “Entre quatro paredes”, estou escrevendo meu 4º romance ao mesmo tempo que já rabisco o seguinte. Em verdadeira ebulição!

3. Você pensou na hipótese do seu livro não fazer tanto sucesso pelo fato de ser erótico?

Sendo bem sincera, lançar um livro, inicialmente, foi uma realização pessoal muito grande. Eu imaginava minhas amigas lendo e mandando mensagens com suas percepções sobre ele, mas não tive essa pretensão prévia de que fosse um sucesso. Acho que a grandiosidade desse momento não está em números... Está no feedback de cada um dos leitores e me sinto uma vencedora por ter tanta gente encantada por Gabe, Mel e Claire e com compreensões diferentes sobre a obra, exaltando as lições intrínsecas e não meramente o conteúdo sexual. Não tive medo em momento algum e acho que já se foi o tempo em que as pessoas tinham vergonham de ler ou de admitir que curtem esse estilo de literatura.  É uma tendência mundial e é do jeitinho que gosto de fazer. Como tudo na vida, sempre haverá quem não aprove, mas aí eu prefiro focar no que a minha imaginação criativa dita e no retorno superpositivo de quem o lê. Tenho recebido inúmeros depoimentos de pessoas que não curtiam Soft Porn ou que evitavam o estilo de leitura por achar clichê e que tecem os elogios mais fantásticos que jamais nem imaginei receber um dia. Não acho o conteúdo pesado e existe uma linha tênue entre sensual e pornográfico. Amo literatura erótica e até estou tentando escrever meu 4º romance sem entrar nessa linha e ficar no New Adult, mas está sendo beeeem difícil!! rs

4. Como se sente sendo uma grande referência em nossa literatura, trazendo inovação e bom conteúdo?

Tenho me cobrado muito o tempo inteiro. Ser referência de alguma coisa quer dizer que outras pessoas podem se espelhar no que você faz ou diz e acho que a responsabilidade é imensa, até mesmo porque a interpretação é variada. O fato de escrever conteúdo erótico não faz de mim uma sexóloga, apenas alguém que se permite quebrar barreiras imaginárias e ir além da vida real, que muitas vezes é chata. Tudo não passa de ficção, de um mergulho em possibilidades. Não vejo O quarto do sonho somente como uma leitura sensual. Existem inúmeras lições de vida expostas e cabe a cada leitor assimilar o que mais lhe convém, mas me sinto honrada pelo reconhecimento de um trabalho ao qual me dedico integralmente de corpo, alma e coração.

5. O que podemos esperar em "O quarto do conto", segundo livro da série? Quais as expectativas?

As minhas expectativas são as melhores! Sou suspeita para comentar porque essa é a minha forma de escrever e nem todo mundo vai concordar com os posicionamentos, mas ficção é assim mesmo e até posso admitir de antemão que ele é o meu queridinho. Os personagens são mais maduros e o romance também. Assim como em O quarto do sonho, existe o conteúdo erótico e também algumas lições para fazerem a gente repensar algumas amarras, mas vou esperar que vocês leiam e me digam o que acham. Acho possível que os leitores fiquem divididos entre os dois...

6. As editoras finalmente estão deixando um pouco de lado os escritores internacionais e se voltando para os nacionais. O que você tem a falar sobre isso? Você acha que os leitores brasileiros estão valorizando mais a literatura nacional?

Foi iniciado um movimento em prol da valorização de obras e autores nacionais o que é superpositivo, mas não acho que as editoras “deixaram de lado” as obras estrangeiras, até porque é esse rendimento que mantém uma empresa de pé tendo em vista que os nacionais não chegam a 10% da parcela de mercado. Acho sim que estão dando mais espaço e oportunidade o que é louvável e que os leitores estão comprando mais nacionais, mas acho também que muito dessa motivação vem de blogs e perfis literários, de gente que dá um suporte incrível aos autores e valorizam suas obras disseminando-as como conteúdo de qualidade. Palmas para vocês!!

7. Percebo que tens uma vida muito dinâmica. O que tens a dizer sobre sua profissão como DJ?

Comecei a tocar como comecei a escrever. Parece que o universo me joga no meio do olho do furacão e quando vejo estou atuando em algo novo. Claro que já fiz inúmeros cursos durante os 8 anos que tenho de carreira na música e posso dizer sem a menor modéstia que sou uma profissional do meio, mas não acordei um dia decidida que seria uma DJ, apesar do dom existir e isso ser inquestionável. É algo que amo e que me faz feliz! Que me presenteou com amigos e oportunidades fantásticas, mas que acredito ter um prazo de validade porque o desgaste é muito grande e com o passar dos anos nossos interesses vão mudando. Acho que a gente tem que ser consciente de que na vida temos que encerrar ciclos, mas ainda é cedo para pensar nisso. Que seja eterno enquanto dure e enquanto for, será com todo amor! 

8. Qual o seu maior sonho?

Focando no universo literário eu tenho uma lista enorme, mas acho que encabeçando-a, ser uma autora que colabore para o posicionamento da literatura brasileira em outros países.

9. Qual o seu maior arrependimento?

Não ter juntado dinheiro enquanto era possível!! Risos
Sendo bem sincera, não tenho grandes arrependimentos na vida. Sou a responsável pelas minhas conquistas e pelos meus fracassos também. O que não deu certo, me deu sabedoria e é assim que encaro o que passou e o que está por vir!

10. Qual dica ou conselho você deixa para quem quer iniciar uma carreira como escritor?

Primeiro de tudo que não fraqueje diante das dificuldades. Não se deixe abalar pela negatividade e descrença dos outros. Confie na sua força interior e potencial criativo para encarar a carreira com seriedade sem se permitir ser atropelado pelas críticas alheias... Boas ou ruins, elas sempre existirão. Todo projeto inicialmente demanda sacrifícios e muita dedicação. Nada acontece num estalar de dedos e trabalhar a ansiedade é importante para que não tenha atitudes impensadas. Rabisque, repense, leia e releia uma dezena de vezes até que tenha a certeza de que é exatamente o que quer porque uma vez publicado, será com toda certeza, comentado e replicado. É uma responsabilidade enorme. Faça para realizar um sonho, mas não tire os pés do chão. Não crie expectativas financeiras e nem se frustre caso os resultados demorem a aparecer. Você já é um vencedor só por ter a capacidade de fazer algo tão grandioso independente da linha que decida seguir. O sucesso está dentro de você!


Renata, deixo esse último espaço para você nos dizer o que desejar. A palavra é toda sua!

Acredito que a leitura em si, nos obriga a pensar com um pouco mais de profundidade e eu sempre achei esquisito pessoas que não gostam de ler. 
Ninguém é obrigado a amar romances, mas tem tantos estilos diferentemente envolventes... Policial, biográfico, suspense, aventura, religioso, de autoajuda... Whatever. Para mim, todo mundo se encontra nas páginas de algum livro e dessa forma, transforma os seus anseios mais secretos ou alcança universos inimagináveis morando dentro de si mesmo.
Ler é inventar possibilidades, é permitir-se ir além do provável e do crível!

Renata, muito obrigado por essa incrível entrevista, tenho certeza que os leitores amarão, assim como eu amei! Você é um orgulho da nossa literatura. 
Obrigado por tudo! 










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